domingo, 2 de janeiro de 2011

Uma Pizza turca na Rota da Seda

Na Idade Média, as comunicações eram difíceis, todos sabemos. Mas a apetência pelos produtos orientais, em especial as sedas, levava os comerciantes a enfrentarem longas viagens, desde a China até à costa do Mar Mediterrâneo, passando pela India, o Paquistão, o Irão e a Turquia – era a Rota da Seda.
Esta longa rota estava bem organizada, com paragens regulares para descanso dos comerciantes e dos seus animais, os caravansarais.


Em Aksaray, pode-se ainda visitar a maior destas estalagens em toda a Ásia Menor, o Sultanhani Kervansaray. Construída em 1229, pelos Turcos Seldjúcidas, é quase uma fortaleza, dividida por espaços com funcionalidades diferentes. Havia uma pequena mesquita, várias câmaras para a pernoita dos viajantes, um largo espaço coberto suportado por colunas e arcos de volta quebrada onde se podiam fazer as trocas de mercadorias e informações. No centro do largo terreiro, o espaço de encontro. Quase consigo ver e ouvir os mercadores daqueles tempos, recostados nos tapetes e almofadas, a saborearem o seu chá enquanto partilhavam as aventuras das suas perigosas jornadas.


Ao fundo do terreiro, o melhor espaço é dedicado aos animais. O enorme compartimento faz lembrar uma catedral gótica, com as cinco naves separadas por arcos em ogiva, e uma pequena cúpula no centro. E parece que foram os mestres que acompanhavam os cruzados cristãos, que levaram para a Europa as novas técnicas construtivas que aqui encontraram.


A uns quarenta quilómetros desta estalagem, quase escondido no meio da zona industrial da cidade turca de Konya, um antigo estábulo da mesma Rota da Seda foi transformado num belíssimo restaurante. O espaço é amplo, decorado com ricos tapetes com os motivos tradicionais. 



O velho espírito da globalização que presidia à Rota da Seda, no entanto, continua presente: comemos pizza turca! Valha-nos o saboroso Kebab que nos apresentaram a seguir, servido num grande e pitoresco prato de ferro! E o delicioso chá turco, para terminar em beleza a refeição!


(Fotografias de FAires)

8 comentários:

  1. Ora aqui está uma bela descoberta para começar bem o ano! Não conhecia, mas parece-me interessante!
    :)

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  2. Teresa,

    Ainda antes de ler o post, deixo-lhe aqui o meu obrigado e parabéns, por ter recomeçado as aulas de História, através de olhares viajados (...)

    Até já!
    César

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  3. Teresa,

    O chá ainda vá... gosto. Mas Kebab é que não consigo! Sou muito mau de boca; nunca cresci neste aspecto... o saber (poder) comer de tudo!

    Corrija-me se vou escrever uma asneira: a maior parte do espólio arquitectónico grego não é na Turquia que se encontra? Não é verdade que as pessoas vão à Grécia, mas a riqueza de monumentos está no outro país? É que já me 'venderam' esta ideia e assim, a ser verdade, com os gregos a erguerem um muro para se isolarem da Turquia, separam-se "definitivamente" do que os antepassados de tão belo projectaram e construiram!

    Claro que o que acabo de expôr, nada tem a ver com as fotos que aqui nos mostra! Aqui, andaram outras mãozinhas a trabalhar a pedra, e bem!

    Obrigado.
    César

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  4. César
    Tem toda a razão. A Grécia Asiática era muito desenvolvida, esplendorosa. Ainda há muitos locais a atestarem essa riqueza, como Esmirna, ou Éfeso. Infelizmente, no século XIX, quando surgiu a mania das antiguidades, a Grécia não estava protegida pelo poderoso Império Turco. Muitas das riquezas de Atenas, por exemplo, foram levadas por Lord Elgin e encontram-se no Museu Britânico. Dado que estamos todos na União Europeia, a devolução desse espólio à Grécia só ficava bem à Grã-Bretanha!
    Também me faz impressão esta mania dos muros!

    Bjs

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  5. Teresa,

    Obrigado pela confirmação, e aditamentos com os excelentes pormenores.

    Não vai levar a mal o que vou escrever, mas está a lembrar-me a publicidade da ZON: Se eu podia viver sem a cultura e a disponibilidade da Teresa? Poder, podia!... mas não era a mesma coisa...!

    Tenho simpatia por Israel, mas também não gosto de um muro, que não sei se continuam a construir!

    Os cemitérios (em geral), têm muros! Para quê?... diz-se em humor negro: se os que estão lá dentro não podem vir cá para fora, e os que estão cá fora, não querem ir lá para dentro!?

    Voltando à Grã-Bretanha, eu que tenho a 'mania' da egiptologia, acho que os ingleses roubaram o Egipto, para além de terem profanado túmulos e místicas soberanas!

    Bjs
    César

    [Esta m/conversa no Face, dava para me chamarem maluquinho!
    Depois de acharmos bem a sua foto no 'avatar' anterior, rebentou a escala de charme, com esta nova foto!
    Parabéns]

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  6. César

    Pois, esta coisa dos muros é muito complicada. Quando estive em Israel, deparei-me com um muro que crescia à volta de todo o território. Compreendo as razões, mas parece-me psicologicamente pouco eficaz. Até fiz um post sobre isso, na série Crónicas de Jerusalém.

    Quanto à Egiptologia, nem me diga nada, é mesmo a minha paixão! Mas, imagina qual é a cidade, no mundo, com mais obeliscos egípcios? Não, não é o Cairo, é Roma! Como são as coisas, não é?

    Bjs

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  7. Neste momento abre as portas para um mundo de conhecimento,viajo contigo acompanhando seu blog.Somente o fato de vivermos novas aventuras, mesmo que virtual vale muito a pena.Vamos sempre esquecer qualquer outra coisa que não seja amar e prestigiar o belo.Beijo grande de leitor do blog.:-BYJOTAN.

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