sexta-feira, 22 de maio de 2015

À descoberta da Sicília III - A herança normanda

Deslumbramento...
Já escrevi que a Sicília é uma sobreposição de culturas e de influências dos povos que por aqui andaram. E foram muitos, fenícios e gregos, bizantinos e árabes, normandos e franceses, Habsburgos e Bourbons!... De todas estas influências, as mais marcantes e majestosas são, sem dúvida, as dos gregos e as dos normandos.
Os normandos iniciaram a conquista da Sicília em 1061, sob o comando de Ruggero I de Altavilla, mas só o seu filho Ruggero II obterá do Papa o título de rei da Sicília. Esta dinastia normanda governará a ilha até ao século XIII, deixando alguns monumentos e testemunhos extraordinários.

A discreta entrada do Palácio dos Normandos

Entrada da Capela Palatina
O belíssimo Palácio dos Normandos de Palermo, onde hoje se reune o parlamento siciliano, tem origem na residência do emir muçulmano que governava a cidade. No século X, o emir muda-se para a Kalsa, atualmente um bairro populoso e desordenado de alta densidade mafiosa, segundo se diz. O Palácio é monumental, com três pisos que documentam outras tantas épocas, desde o estabelecimento inicial fenício, até à residência elegante do vice-rei espanhol, a partir do século XVI. Mas são os aposentos reais normandos, a Sala do rei Ruggero e, acima de tudo, a Capela Palatina, que captam a nossa atenção e fascinam os nossos sentidos.

O altar-mor da Capela Palatina

Relatos bíblicos nas paredes

O escritor Guy de Maupassant definiu a Capela Palatina como a mais bela igreja do mundo, a mais surpreendente jóia religiosa sonhada pelo pensamento humano e eu sinto-me tentada a concordar com ele. Mandada construir por Ruggero II em 1130, é uma esplendorosa síntese da arte bizantina, árabe e normanda. As superfícies cobertas de mosaicos dourados, cheias de histórias; os mármores preciosos trabalhados nas colunas e nas paredes; os ladrilhos de motivos geométricos e arabescos que recobrem o chão; todo o conjunto é de uma beleza, proporção e harmonia perfeitas.

A decoração em mosaico

Pormenor de uma coluna

Os tectos da Capela Palatina
O palácio tem o seu complemento no vasto complexo monástico de Monreale, mandado construir em 1172, a oito quilómetros de Palermo. Monreale é outro deslumbramento! Construída numa colina que fecha a imensa concha que abriga Palermo, a Conca d'Oro, a catedral faz lembrar a Capela Palatina. Mas as dimensões são muito maiores: na verdade, é o maior espaço coberto a mosaico dourado na Europa.

O complexo monástico de Monreale

Altar-mor da catedral de Monreale
No Duomo de Monreale o que nos capta mais a atenção é a sequência das cenas do Antigo e do Novo Testamento, compostas nas paredes do templo através de um riquíssimo trabalho de mosaico que se completa nos motivos geométricos do chão e no requintado trabalho de entalhe dos travejamentos do tecto. Se as imagens e o mosaico nos remetem para a arte bizantina, a influência árabe está bem presente nos arcos e no transepto, assim como no claustro do convento.

Planos dos tectos

O claustro do complexo de Monreale
A igreja estava a ser preparada para um casamento, pelo que não foi fácil conseguir fotografias de conjunto. Sinceramente, não sei do que gostei mais: se da catedral, se da maravilhosa vista que se tem dos seus terraços e telhados, abarcando toda a Conca d'Oro!

Panorama da Conca d'Oro a partir dos terraços de Monreale

O apogeu do domínio normando na Sicília é atingido com Frederico II, célebre pela sua cultura e pelo seu poder. O seu túmulo, tal como o de outras figuras ligadas à dinastia, pode ser visitado na Catedral de Palermo, ela mesma construída no século XII e acrescentada de elementos renascentistas e barrocos. Mas são ainda os reis normandos que ali dominam!...


Pórtico de entrada da Catedral de Palermo

O túmulo de Frederico II


Vista lateral da Catedral de Palermo

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